Vinho branco inferior A chardonização do mundo

Formado em História, Comércio Exterior e Sommelier, gerencia a área comercial da Vinho & Ponto Jundiaí e dá aulas sobre o mundo do vinho em diversos locais. Criador do perfil @umbrindeprinprin, busca junto com sua inseparável alma gêmea bebidas diferentes e harmonizações únicas.

 

 

Quem nunca ouviu as frases

“Vinho? Só gosto de tinto!” ou “Vinho branco é inferior, não tem gosto nem aroma!”?

 

Tirando as pessoas que não gostam, mas nunca provaram, qual o motivo para o baixo consumo, e baixa aceitação, do brasileiro com o vinho branco?

A explicação pode estar na chardonização do mundo!

Conceito este, criado por mim mesmo, que tem um simples significado “plantar chardonnay em todo canto“!

Não cabe aqui discutir o quão bom é o vinho produzido por essa uva! Todos sabem que são ótimos, conceituados, podem ser jovens, podem ser de guarda, com madeira, sem madeira…

A uva chardonnay produz ótimos vinhos, ponto!

O problema é que há a ideia de que todo fundo de quintal mundo afora pode produzir um bom chardonnay!

Por ser uma casta “fácil” de cultivar e pouco suscetível às doenças, todo lugar do mundo é um terroir de chardonnay. O vinho assim, acaba nivelado por baixo, sem grandes complexidades. E o baixo custo faz com que ele domine mercados, lojas, empórios e muitas vezes as nossas compras e adegas.

Com a incrível variedade de uvas que temos mundo afora, não é difícil imaginar que poderíamos trocar a chardonnay por uma que tenha melhor adaptação ao terroir em questão. A serra gaúcha é um bom exemplo. Os chardonnays do sul do Brasil são em sua maioria desequilibrados e pouco complexos.

 

Porque não tentar algo diferente?

Entendo que o mercado aceita muito bem a chardonnay mas temos no nosso vizinho um bom exemplo. A Argentina, oficializou a Torrontés como a uva branca oficial do país e isso levou ao cultivo da chardonnay ficar em terroirs melhores adaptados a ela, como a Patagônia! Temos torrontés fracos? Inúmeros. Mas pelo é diferente do já conhecido e batido chardonnay! Além da expectativa criada a cada nova descoberta, a cada novo blend (como o Amalaya Blanco de Torrontês e Riesling) e a cada novo experimento feito com a nova uva!

Por isso para quem está começando minha dica é, explore o mundo dos vinhos brancos. Fuja da chardonização, experimente um chardonnay da Borgonha, ou da California, ou da Patagônia. Entenda o que é um bom chardonnay! Mas quando for passar pelos espanhóis vá de verdejo ou macabeo, nos italianos não deixe de experimentar verdicchio e vermentino, em Portugal não esqueça da Alvarinho e Antão Vaz! E na França busque a viognier, a sauvignon blanc, a sémillon, enfim, há uma infinidade de opções para as mais diversas regiões e para os mais diversos gostos. Jamais esquecendo de uma das maiorais, a Riesling! Uva incrível com caráter único e que fará você ver os vinhos brancos com outros olhos.

A harmonização também é tão eclética quanto às uvas! Desde os já clássicos peixes, queijos e massas até uma boa carne suína ou mesmo uma simples tarde na praia! Aqui a imaginação e a experimentação é quem mandam!

Abaixo alguns vinhos que recomendo para iniciar essa exploração:

  • O francês Arrogant Frog Sauvignon Blanc, excelente com frutos do mar.
  • O argentino Viñalba Seleción Torrontes, jovem e refrescante.
  • O espanhol Fray Germán Verdejo, com aromas florais deliciosos.

E pra não faltar,

  • Montemar Reserva Chardonnay, proveniente do Valle de Curicó, no centro-sul chileno.

Um dos locais onde a Chardonnay melhor se adaptou no novo mundo e traz a uva em seu esplendor!

Venha comigo! Apaixone-se por esse mundo!

 


 

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Comments

  1. Acredito que muito do consumo do vinho tinto no Brasil deriva do fato que tendencialmente comemos mais carne, e exige um conhecimento maior sobre os vinhos brancos para poder fazer uma harmonização adequada.
    Existe também a falta de informação e conhecer maior gama de vinhos brancos que passam por um processo de battonage, ou simplesmente que passam pela malolatica, regiões e tantos outros tipos de uvas que são desconhecidas.
    Estou de acordo que muitas outras alternativas como essas explicadas no texto são muito validas, (inclusive sou muito curiosa sobre o verdejo espanhol) também podendo sugerir um Riesling de Mosel ou Pinot Grigio Alsaciano. 😉

  2. Olá Eduardo,
    fico feliz em ler seu comentário!

    O vinho branco é em sua maioria mais ácido do que o vinho tinto mesmo. Os produtores prezam por isso para trazer maior frescor!
    Mas podemos fazer um teste para ver se esse efeito acontece devido à acidez! Há um processo na vinificação que obrigatoriamente ocorre no caso dos vinhos tintos e muitas vezes não ocorre nos brancos. Trata-se da fermentação malolática! Nesse processo, o ácido málico é transformado em ácido lácteo, este muito menos agressivo do que aquele!
    Procure por vinhos brancos que passam por esse processo! Além do delicioso aroma de manteiga e da untuosidade na boca, talvez ele trará uma menor agressão ao estômago!
    Uma boa pedida para começar é o Caliterra Tributo Chardonnay. Ele é delicioso e 22% do vinho passa por fermentação malolática!
    Se estiver disposto a investir um pouco mais sugiro que vá de um Borgonha Chardonnay! A maior parte dos vinhos de lá passam por esse processo!

    Grande abraço!

  3. Olá de Fraia,

    Confesso que não tenho muita simpatia pelo vinho branco, mas minha (des) motivação vem mais dos efeitos que ele provoca, algo parecido com uma queimação, em maior ou menor grau.
    Já experimentei várias uvas e, dentre elas, a torrontés foi a que menos problemas causou.
    O Amalaya que vc cita e alguns vinhos portugueses, franceses, californianos, chilenos, etc., já experimentei e a sensação não foi muito boa.

    Sei que vinhos baratos, tanto os brancos como os tintos, podem provocar essa queimação pela qualidade do processo de produção e/ou qualidade das uvas, mas a pergunta é, essa acidez mais pronunciada nos vinhos brancos é inerente ao processo, as uvas ou seria uma deficiência no organismo, mais propenso a esse tipo de reação ?

    Grande abraço

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