Harmonização.

O vinho é a única bebida que aquece o corpo e a alma. Marcel Gomes, 38 anos, brasileiro, belorizontino, casado, gastrônomo, WSET2 - Wines & Spirits Certified, Sommelier Executivo e proprietario da Bacchus de Minas. Criador do perfil no Instagram @bacchusdeminas, idealizado para ajudar as pessoas a desburocratizar o mundo do vinho e quebrar paradigmas que o envolvem. Sou apaixonado pelo mundo da gastronomia e levo sempre as palavras de Cristina Brayner: " A arte culinária é a única que atua sobre os cinco sentidos, e a boa comida é aquela que mexe com você inteiramente, instiga sua mente, sua criatividade, enche os olhos e a boca, provoca sua percepção, leva você a lugares apenas imaginados. É harmoniosa, transparente e misteriosa, delicada e elegante. "

 

 

A chegada do vinho ao Brasil ocorreu por meio da colonização portuguesa. Devido à sua importância na liturgia, para o sacramento eucarístico e também no consumo dos monges, os colonizadores precisavam do vinho para implantação do catolicismo na colônia. Dados de historiadores contam que a frota de Pedro Alvares Cabral saiu de Lisboa em 9 de março de 1500, rumo às novas descobertas, abastecida de vinho da propriedade que era conhecida como Pera Manca da região do Alentejo.

O Brasil colonia se destacou na produção de vinhos por causa do seu clima tropical, que fez as parreiras produzirem vinhos de excelente qualidade, fazendo com que a coroa portuguesa tomasse medidas austeras na produção da bebida na colônia. Na ocasião, foi baixado um decreto (data de janeiro/1785), assinado pela então Rainha Maria I, proibindo toda e qualquer atividade manufatureira no Brasil. Sepultando, assim, a jovem indústria vinícola brasileira.

Dessa maneira, a vinicultura só retorna ao Brasil no reinado de D. Pedro II, com a imigração italiana para o sul do país. Porém, ela somente ganha força em 1912, já na República, com a criação da Federação das Cooperativas do Rio Grande do Sul.

Apenas na década de 1940, que grandes mudanças na vinicultura brasileira começaram realmente, com os três desbravadores no mundo da uva: os médicos Luiz Barreto e Campos da Paz e o agrônomo Júlio Seabra. Eles afirmavam que o Brasil tinha grande potencial de produção de vinhos e que teríamos que escolher as cepas resistentes para o nosso clima quente e úmido. Nessa época, tínhamos muitos problemas com as castas menos resistentes ao clima úmido.

Na década de 1950, os vinhos finos no país eram os vinhos varietais da Granja de Caxias do Sul, feitos das castas Cabernet, Merlot, Riesling, Bonarda, Malvasia di Candia e tantas outras que foram conquistando admiradores pelo território nacional. Já os vinhos mais populares ficaram por conta da Cooperativa Vinícola Aurora, exemplo o famoso Sangue de Boi de 5 litros.

Na década de 1970, a indústria deu outro salto na produção de vinhos nacionais. Com a qualidade e o marketing, os vinhos começaram a sair com marcas e nomes franceses e alemães como Château Duvalier, Château D’Argent, Saint Honore, Jolimont, Château Lacave, Clos de Nobles, St. Germain, Conde Foucauld, Bernard Tailand, Forestier, Gran Bersac, Katzwein, Nachtliebewein, Loreley, Kiedrich, Johannesberg e outros.

Já nos anos 1980, o sul brasileiro teve uma verdadeira invasão estrangeira. Chegaram ao país multinacionais como a canadense Seagran, as italianas Martini e Rossi e a Cinzano, associadas à francesa Chandon, além da Almadén e da Heublein, dos Estados Unidos. Essas empresas compraram várias vinícolas pequenas e familiares e começaram tudo do zero. Com elas, vieram vários enólogos de renome como Phillipe Coulon, Dante Calatayud, Adolfo Lona, Ernesto Cataluña, criando seus próprios estilos.

Os familiares dos primeiros descendentes italianos captaram o momento de crescimento e expansão. Começaram a se profissionalizar e foram surgindo novas empresas familiares como a Miolo, Pizzato, Lovara, Dal Pizzol, Dom Cândido, Casa Valduga, Lidio Carraro, Dom Giovanni, Pedrucci, Marson, Valmarino e tantas outras que, juntamente aos mais antigos como Cooperativa Aurora, Salton, Cooperativa Garibaldi e La Cave, montaram um novo cenário para vinicultura nacional.

 

Ótimo vinho branco, que tem uma característica singular, ele é armazenado em barril de carvalho.
De cor amarelo palha, macio, notas de torrefação, amanteigado, baunilha, abacaxi em calda, uma acidez equilibrada, sem álcool aparente. Complexo e persistente na boca.

 

Hoje esses vinicultores brasileiros não se sentem mais intimidados com as multinacionais. Eles estão expandindo seus horizontes, inovando, buscando aumentar as extensões dos seus vinhedos como no Vale do São Francisco, nordeste brasileiro, Serra Catarinense, na região da Campanha Gaúcha, no extremo Sul do país, divisa com o Uruguai e novos entusiastas no estado de São Paulo (Vinícola Guspari, Vinícola Terrassos, Vinícola Goes e tantas outras). E não podemos esquecer da região sul de Minas Gerais como a Vinícola Maria Maria, Vinícola Casa Geraldo, Vinícola Luiz Porto entre outras.

O importante é desmistificar o mundo do vinho e quebrar a falta de conhecimento ou até mesmo os preconceitos que ainda pairam sobre os vinhos brasileiros. Somos excelentes produtores de vinho, com várias dessas vinícolas citadas acima ganhadoras de prêmios internacionais. Então, vamos beber mais vinho e ficar com menos enochatice. Saúde!

SIGA: @bacchusdeminas

Referências Bibliográfica:
Livros:
Vinhos: O ESSENCIAL, José Ivan Santos.
Vinho para leigos, Ed McCarthy, Mary Ewing-Mulligan
Os sentidos do vinho, Matt Kramer
Sites:
https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-historia-do-vinho-no-brasil_2629.html
https://www.clubedosvinhos.com.br/a-evolucao-dos-vinhos-atraves-da-historia/
http://blog.famigliavalduga.com.br/a-historia-do-vinho-no-mundo-entenda-como-esta-bebida-colonizou-os-continentes/

 

 


 

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